Em sua fala, o vereador criticou alguns pontos do projeto, como a limitação da quantidade de peças de roupa das pessoas em situação de rua que podem ser lavadas durante as ações do Mesa Solidária e pediu que mais refeições estejam disponíveis a quem trabalha como coletor de materiais recicláveis, e que muitas vezes não são atendidos ao chegarem após às 20h30 aos locais de distribuição de alimentos. 5v431e
Ele também propôs que terrenos abandonados possam ser utilizados na plantação e cultivo do que chamou de agricultura urbana. “São terrenos abandonados que não cumprem sua função social como determina a constituição e a nossa lei orgânica, e que poderiam ser emprestados com usufruto para agricultura urbana. O problema da fome seria remediado, não precisaria dar a marmita, poderia incorporar os setores organizados para que a população produza ali o próprio alimento. Temos tecnologia suficiente para não só alimentar a cidade, mas também para inserir as pessoas nesse modo de produção sustentável, orgânica e com comprometimento social”, sugeriu.
O presidente da Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba, Fabiano Vilaruel, levou à audiência números expressivos sobre as pessoas em situação de rua na capital paranaense. Segundo ele, nos últimos 12 meses foram entregues quase 1,5 milhão de refeições a esse público em Curitiba. Nas 19 unidades da FAS foram realizados, no mesmo período, mais de 103 mil acolhimentos. Ele confirmou também a criação de quatro novas unidades destinadas ao atendimento de pessoas com suspeita e pacientes confirmados de Covid-19 em situação de rua.
Os números surpreenderam Camilo Turmina, presidente da Associação Comercial do Paraná (A) que também participou da audiência. “Isso é uma calamidade pública”, classificou. Turmina sugeriu que quem não puder colaborar no acolhimento dessas pessoas possa ajudar doando vales-alimentação, que poderiam ser utilizados pelas entidades que já trabalham nesse atendimento.
“Vamos comprar e distribuir vale-alimentação, vale bandejão. Quando um grupo se propõe a levar um aço de sopa para alimentar essas pessoas, isso tem um valor econômico. E se ar a sacolinha? Só da FAS são 1,2 mil pessoas envolvidas com o assistencialismo. Eu não faço acolhimento todo dia, é a FAS e essas entidades que fazem”, sugeriu.
Membro do Movimento Nacional de População em Situação de Rua, Leonildo José Monteiro sugeriu aos vereadores que seja incluída no orçamento do Município a realização de um censo para dimensionar o tamanho da população em situação de rua em Curitiba. A medida é necessária, segundo ele, para que sejam propostas readequações no orçamento da FAS, avaliado por ele como “alto, mas bem gasto”.
Entre essas adequações estaria a criação de cozinhas comunitárias, para que as próprias pessoas em situação de rua possam preparem suas refeições. “A gente não quer ver esses colegas na rua na marquise, queremos vê-los em uma moradia, com um espaço onde possam fazer a própria comida e ter de fato uma qualidade de vida. Queremos aproveitar esse momento para criar estratégias dentro do projeto de lei para incluir as pessoas. Essa é a oportunidade que temos que dar a essas pessoas. Temos que aproveitar o momento para pensar e provocar o município”, concluiu.
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