Formado pela Universidade Federal do Paraná em 1980, fez residência em pediatria, iniciando o trabalho como servidor público da SMS em 1985. Um dos primeiros locais para o qual foi designado era desafiador. A Unidade de Saúde Atenas-Augusta, no Campo Comprido, que mais tarde se desmembraria, estava sempre cheia. O atendimento à população carente era grande devido à forte migração, na época, de populações do Norte do Paraná para a capital, além do fato de a Unidade ficar próxima a espaços de moradia precária.

A secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, amiga de Aristides e colega dele nessa época, lembra do olhar atento dedicado a toda a população que chegava até ele. Frente a epidemias como a de sarampo, às dificuldades visíveis das famílias no o a alguns medicamentos e às desigualdades que ficam ainda mais pungentes quando o assunto é saúde, ele não cruzava os braços e fazia tudo o que estivesse ao seu alcance para que todos e todas tivessem tratamento digno. “Era uma pessoa que gostava do ser humano”, resume Márcia.

A fim de levar esse pensamento para cada vez mais pessoas, ele se especializou em Saúde Pública pela Faculdade Evangélica do Paraná em 1985 e mergulhou na Saúde Coletiva, área que marcaria sua experiência profissional. Com o CDC, órgão dos Estados Unidos semelhante ao brasileiro Ministério da Saúde, batalhou e pesquisou sobre a prevenção e enfrentamento do HIV/Aids. Morando em Brasília, ocupava o cargo de diretor do Centro desde 2003. Defendia o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento combinados ao combate ao preconceito contra pessoas que vivem com o HIV.

Participou de ações que ajudaram a tornar Curitiba uma cidade pioneira no enfrentamento à doença, entre elas a testagem de HIV em gestantes e a implantação da Vigilância da Aids, em 1991. Sempre trazia para Curitiba inovações na área, incluindo o programa, do qual ele foi um dos responsáveis pela implantação no Brasil, “A hora é agora”, aplicado em várias regiões do país com o objetivo de realizar a prevenção combinada com a oferta de testes e auto-testes. Também foi um dos responsáveis pelo Programa de HIV Aids do Ministério da Saúde, na UNGASS – missão da ONU para a problemática das drogas.

Diziam os colegas que não havia quem não gostasse daquele médico bonitão, de olhos verdes, com a simpatia transparente no rosto e sempre preocupado com as desigualdades e o respeito ao próximo. “Tem uma frase que aprendi com ele e que levo para a vida: “A unanimidade é burra, é a diversidade que faz a gente crescer”, lembra a secretária Márcia Huçulak. Grande apreciador de música clássica, Aristides gostava de tocar piano nas horas vagas.

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